Eu sou de 1982 e também amo a maravilhosa década de 80, não por ter nascido nela, e sim por ter acompanhado tantas produções marcantes. Lembro que na minha infância gostava muito das séries e desenhos animados da época, foram criações tão bem produzidas, que marcaram os anos 80 e algumas perduraram até o final dos 90.
Assim como a Gabriela (Especial Músicas), eu também não tinha maturidade suficiente para entender tudo o que a década de 80 significou. Só a partir de meados dos anos 90 comecei a me dar conta de que tudo que eu mais gostava de ouvir, brincar e assistir tinha nascido nos anos 80. Foi uma década recheada de acontecimentos históricos, desde a política, que sofreu fortes mudanças – até a área cultural, que viveu uma explosão criativa que daria frutos no mundo inteiro. Os anos 80 foram inesquecíveis.
A luta pelas “Diretas Já”:
Ainda sob o julgo de uma ditadura desgastada, a política brasileira começava outra metamorfose. Após inúmeros protestos e a luta pelas “Diretas Já” (movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil ocorrido em 1983-1984), a Ditadura Militar imposta desde o golpe de 64, começava seu fim.
Tudo foi consumado com a vitória parcial e eleição indireta do principal líder do movimento, Tancredo Neves, eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985. Contudo ele não conseguiu tomar posse, em virtude de uma doença que levaria a sua morte. Em março de 1985, João Figueiredo (último Presidente Militar), empossou José Sarney, vice na chapa de Tancredo pelo PMDB. Estava decretado o fim da Ditadura Militar!
Sarney conduziu o processo de redemocratização do Brasil até as eleições diretas para Presidente da República em 1989, com a vitória de Fernando Collor de Mello.
Nessa 2ª parte do nosso especial, vou falar sobre as séries e desenhos animados que mais me marcaram na época. Não esqueçam de comentar, dizendo quais as suas preferências. Vamos mergulhar no túnel do tempo mais uma vez?
Seriados e Desenhos MARCANTES!
A primeira parada é na Armação Ilimitada – um seriado brasileiro, voltado para o público adolescente da Rede Globo, exibido entre 1985 e 1988. Os inesquecíveis Juba (Kadu Moliterno) & Lula (André de Biase), juntamente com a queridíssima Zelda Scott (Andréa Beltrão) formavam o triângulo amoroso mais engraçado, atrapalhado e divertido da época.
Os dois amigos eram sócios na Armação Ilimitada, uma empresa que prestava serviços de dublês de anúncios para a TV e também participava de competições esportivas. Mas o meu personagem favorito era o super Bacana (Jonas Torres), um garotinho órfão muito esperto que se une a Juba, Lula e Zelda. Também não esqueço do saudoso Francisco Milani, que interpretava o Chefe de Zelda – editor do jornal Correio do Crepúsculo. Era muito engraçado quando Zelda o chamava de nazista ou qualquer outra coisa, e ele aparecia todo caracterizado e fazendo os gestos referente ao que ela dizia. Assista cenas do 1º episódio!
Também curtia muitas séries de TV norte-americana. Quem não se lembra de Magnum, Miami Vice, Esquadrão Classe A, Anos Incríveis e Alf, o ETeimoso?
Mas se tem um realmente inesquecível, é o grande MacGyver, estrelado pelo ator Richard Dean Anderson. Aqui no Brasil, a série MacGyver foi transmitido pela Rede Globo e batizada como Profissão: Perigo. As histórias do agente secreto mais famoso dos anos 80 eram incríveis, digno de fazer qualquer criança pré-adolescente transformar-se num perigo constante. MacGyver era realmente ô cara, o picudão das galáxias, um inventor nato que transformava uma simples goma de mascar num potente explosivo. Sem falar nos clipes de prender papel (vide imagem neste link). Dizem que todas as facetas realizadas por MacGyver tem comprovação cientifica, será? Assista cenas do 1º episódio!
Mas a grande febre do final dos anos 80 e que perdurou pelos 90, eram os seriados japoneses do gênero tokusatsu (aqueles cheios de pirotecnia e efeitos especiais, com heróis de armaduras enfrentando monstros de outro mundo). Até alguns heróis eram de outro mundo, mas não tinha jeito, tanto vilões quanto mocinhos, todos viam duelar aqui no Planeta Terra. Era sempre assim!
Alguns exemplos de tokusatsu são Sharivan, Changeman, Flashman, Lion Man, Metalder, Spielvan, Cybercops, o Policial de Aço Jiban, e muitos outros. Os meus preferidos eram:
O Fantástico Jaspion (巨獣特捜ジャスピオン), Kyojuu Tokusou Jaspion), uma série de televisão japonesa produzida pela Toei Company e exibida originalmente entre 1985 e 1986 pela TV Asahi, totalizando 46 episódios. Foi estrelada pelo ator e dublê Hikaru Kurosaki no papel-título. No Brasil, foi transmitida pela extinta Rede Manchete a partir de 1988.
MacGaren, Satan Goss, Daileon, Jaspion e CIA deixou saudade. Assista cenas do 1º episódio, com o clássico tema de abertura “Ore ga Seigi da Jaspion”.
Jiraiya, o Incrível Ninja (世界忍者戦ジライヤ, Sekai Ninja Sen Jiraiya), foi a melhor série tokusatsu, na minha opinião. Produzida pela Toei Company e exibida originalmente entre 1988 e 1989 pela TV Asahi, totalizando 50 episódios. Trazida ao Brasil pela extinta Top Tape, estreou em 1989 pela Rede Manchete, continuando a fazer muito sucesso na década de 90. A grande diferença desta série em relação as antecessoras foi ter introduzido um herói sem superpoderes e utilizar como temática a tradição japonesa dos ninjas, até então nunca explorada na franquia dos Metal Heroes.
A música da abertura em português até hoje ressoa na minha cabeça quando escuto o nome Jiraiya – “Ninja Jiraiya, Ninja Jiraiya…” (veja cenas do 1º episódio).
Outro que fez a minha cabeça foi Black Kamen Rider (仮面ライダー, Kamen Rider Black). Esta série de TV japonesa pertencente à franquia dos Kamen Riders, foi produzida pela Toei Company em associação com a Ishinomori Productions e exibida originalmente entre 1987 e 1988 no canal a cabo TV Asahi. Foi a primeira série da franquia a ser transmitida no Brasil, exibida pela extinta Rede Manchete a partir de 1991, no bloco Sessão Super Heróis, obtendo grande sucesso e popularidade até 1994.
O homem-gafanhoto que enfrentava monstros surreais com seu golpe Louva-a-Deus, era sensacional! Enquanto a seita Gorgom tentava transformar dois jovens irmãos em mutantes, o pai de Nobuhiko consegue libertar Issamu antes de ter a memória apagada. Mas ele já tem em seu corpo o Kingstone, a pedra responsável pela mutação, e é com estes poderes que ele se torna Black Kamen Rider, o guerreiro inseto. Assista cenas do 1º episódio!
Os desenhos também eram fantásticos. Meus favoritos são: He-Man, guerreiro bárbaro que teve origem na série de bonecos “Masters of The Universe”, criado pela empresa Mattel. Posteriormente, para alavancar a venda dos bonecos da série, foi encomendada à Filmation Studios uma série de desenho animado baseada nos conceitos desenvolvidos pela Mattel. Assim, em 1983 foi lançada a maravilhosa série He-Man e os Mestres do Universo.
ThunderCats é uma série de animação criada em 1983. No Brasil, foi inicialmente exibida de 1986 até 1990 pela Rede Globo, com os primeiros 100 episódios dos 130 produzidos. A série conta as aventuras de um grupo de felinos sobreviventes do planeta Thundera que fogem numa espaçonave rumo ao Terceiro Mundo. Lá, eles constroem a Toca dos Gatos, sua nova casa, mas, em pouco tempo, os Mutantes chegam ao Terceiro Mundo na esperança de capturar a lendária Espada Justiceira e o Olho Místico de Thundera. Veja algumas cenas!
Caverna do Dragão (Dungeons & Dragons), é uma série de animação coproduzida pela Marvel Productions, TSR e a Toei Animation, baseada no jogo de RPG homônimo. No Brasil a animação tem sido transmitida periodicamente pela Rede Globo desde os anos 1980, mas até hoje não sabemos o fim da série. Será que o Mestre dos Magos é pai do Vingador? Será que os seis jovens conseguem, em fim, voltar para casa? E as Armas do Poder, e Uni, e o Reino? Tudo ficou no imaginário de cada um. Assista algumas cenas do desenho!
Finalizo minha listinha básica com um anime japonês que me ensinou a gostar de ilustração e posteriormente descobrir o universo do Design Gráfico. Estranho? Vou explicar…
Os Cavaleiros do Zodíaco (聖闘士星矢, Saint Seiya) é uma série japonesa de mangá, escrita e ilustrada por Masami Kurumada, publicada na revista Weekly Shōnen Jump de 1986 a 1991 e adaptada para anime pela Toei Animation de 1986 a 1989. Muitos não sabem que a saga dos Cavaleiros também é uma produção dos anos 80, pois só desembarcou no Brasil em 1994, quando a extinta Rede Manchete começou a exibir o anime.
O anime dos Cavaleiros foi um divisor de águas que possibilitou a invasão dos animes japoneses no ocidente. No começo, muitos criticavam o desenho por retratar combates mortais e um alto grau de violência, algo impactante para época. Sem falar que foi o primeiro contato da nossa cultura com aqueles personagens desenhados com “olhões” super expressivos, característica marcante dos mangás e animes japoneses. Eu posso dizer que o grande mérito do anime foi demonstrar exatamente o oposto: a relação de amizade entre os cinco amigos, a luta pelos sonhos, os princípios de honra, coragem, lealdade e obstinação. Essa é a principal mensagem da série.
A sacada genial desse anime foi unir as lendas da mitologia grega e a noção dos astros, onde cada Cavaleiro representava uma das 88 constelações. Os Cavaleiros de Atena eram capazes de elevar o seu Cosmo até o infinito, ao despertar o Cosmo (essência espiritual que se originou com o Big Bang e representa o poder dos Cavaleiros), eles eram capazes de rasgar os céus com apenas um chute e concentrar a força do universo nos punhos para esmagar uma rocha impenetrável. A saga dos 5 órfãos enviados a várias partes do mundo para conquistarem suas armaduras de bronze começa no Santuário da Grécia, de onde Seiya regressa com a armadura de Pégasos. Após algumas batalhas, Seiya e seus amigos vão para o Santuário, onde enfrentam os Cavaleiros de Ouro enganados por Saga de Gêmeos. Esses são os guardiões das 12 Casas do Zodíaco, guerreiros supremos que juraram proteger Atena (deusa da guerra), que reencarna a cada 100 anos para lutar contra as forças do mal.
Foi um verdadeiro “boom” pelo país, de repente todas as crianças queriam ter um boneco do desenho, aqueles comercializados pela Bandai, que viam até com as armaduras para montar nos bonecos. O anime também foi responsável pelo reconhecimento dos fãs, em relação a profissão de dublador no Brasil. Os admiradores do anime sabem reconhecer as vozes dos dubladores de seus personagens favoritos em qualquer outra produção que participem. Leonardo Camilo (Ikki de Fênix), Élcio Sodré (Shiryu de Dragão), Francisco Bretas (Hyoga de Cisne), Ulisses Bezerra (Shun de Andrômeda) e Hermes Barolli (Seiya de Pégaso), os dubladores originais da versão brasileira, falam sobre a importância que o anime teve em suas carreiras. Clique e assista a entrevista com os caras! Relembre como foi 1º episódio. Depois escute o tema original da 1ª e da 2ª abertura, exibidas pela TV Manchete.