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BROCHADAS: confissões sexuais de um jovem escritor

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“Que bom que as pessoas têm língua e têm dedo.” – Hilda Hilst

Para começar ler o livro Brochadas, interrompi a leitura de um outro livro pois senti a necessidade de ler algo mais leve, mais divertido.

Jacques Fux, autor do livro Brochadas. Foto: Alexandre Rezende/Folhapress
O escritor Jacques Fux. Foto: Alexandre Rezende/Folhapress

Acertei a mão!
Além de divertido, Brochadas é um livro baseado em dados históricos e científicos.

Antes do primeiro capítulo, o autor Jacques Fux, nos lista motivos de brochadas masculinas e femininas (sim! Porque as mulheres também brocham!). Em seguida Fux (que é judeu) dá ao leitor, uma ideia do que está por vir nesse livro (que NÃO é um besteirol sexual), falando um pouco sobre a importância do viagra, sobre as brochadas de grandes pensadores e filósofos, crenças antiquíssimas para evitar a impotência, e sobre a dura (não! Pera!) constatação de uma brochada:

[…] Como posso continuar vivendo após mirar meu próprio pênis e, suplicando por uma ereção urgente, receber em contrapartida um olhar combalido e agonizante do próprio? […]

Ao contrário do que possa parecer, Brochadas não é um livro machista, e isso pode ser observado em vários momentos do livro. Principalmente nos e-mails trocados entre ele e suas supostas ex-namoradas sobre suas supostas brochadas.

Sempre antes da transcrição desses e-mails, Fux nos brinda com informações sobre históricas brochadas como a de Santo Agostinho. Brochadas nos ensina que a “responsável” pela brochada de Santo Agostinho foi Maria, que era uma mulher à frente de seu tempo, o que causava medo a ele. Mas também mostra ao leitor, que Maria o amou em todos os aspectos possíveis, e lançou mão de toda sua sensibilidade para incitá-lo sexualmente (o que não foi suficiente para o santo).

Nesse mesmo capítulo, é possível ler a descrição de Fux sobre seu relacionamento com Alice, sobre a importância da descoberta do clitóris e também sobre a (maior) capacidade da mulher de sentir prazer:

[…] Nós homens, coitados, atados a imagens pornográficas, fetiches edipianos e a bundas e peitos, não conseguimos nem nos aproximar das inúmeras possibilidades de prazer feminino. […]

Com críticas claras e justas a todas as religiões, Fux apresenta ao leitor um “resumo bem didático” sobre como o sexo (e as brochadas) foram demonizados por todos os tipos de líderes religiosos, e novamente me fez questionar:

1. Por que as religiões interferem tanto no assunto SEXO?
2. Por que as religiões abominam tanto tal assunto e ato?

Ainda no capítulo intitulado “Alice”, Fux discorre sobre a importância de se conseguir reunir numa mesma pessoa a mãe, a mulher e a puta, e questiona sobre a realização desse desejo de completude.

Não quero me estender muito sobre os vários assuntos sexuais (e brochas) apresentados nesse livro fantástico e muito divertido, para que os leitores do Ativar Sentidos não se sintam intimidados. Mas não posso deixar de mencionar como Fux discorre sobre a importância que o cheiro tem em nossas vidas, em vários aspectos. O cheiro já foi utilizado para segregar classes sociais, para demonizar (ou não) pessoas, entre outras finalidades. Ele abrange bem o assunto no âmbito judaico, mas também dá ao leitor um bom parâmetro sobre como o cheiro pode ser um fator determinante no sexo. Este assunto me fez lembrar o que a sexóloga Regina Navarro Lins fala sobre o cheiro:

“Homens e mulheres têm glândulas nas axilas, em volta dos mamilos e na virilha, que se tornam ativas na puberdade. A secreção delas não tem nada a ver com aquelas que acabam produzindo o cheiro acre e azedo da transpiração.”

O fato é que esse livro abrange inúmeros assuntos e acontecimentos muito interessantes: motivos de brochadas femininas e masculinas, curiosidades pelos mistérios sexuais alheios, depreciação dos odores, prazer feminino, intervenções religiosas na vida sexual dos fiéis (e não fiéis), audiências para anulação de casamentos (século XVI), Castrati, entre outros.

Tais assuntos, por mais desagradáveis que alguns dos leitores possam considerar, são abordados de maneira simples, didática, direta e principalmente, divertida!

O livro vem envolto por uma cinta preta, na qual está impresso o subtítulo, a orelha foi escrita pela autora Márcia Tiburi, e tem recomendações dos meninos do Papo de Segunda, das meninas do Saia Justa e minhas!!!

P.s.: o livro contém trechos escritos em línguas estrangeiras, mas sem traduções. Questionei o autor sobre isso, e ele disse que o intuito era manter os tais trechos em sua reprodução original.

P.s.: Fux também é autor do romance Antiterapias, que o levou a ser um dos vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura.

Eu fiquei perdidamente apaixonada pelo Brochadas, e o recomendo fortemente a todos que tenham o interesse em brochadas alheias, em aprender um pouco mais sobre o sexo e sua demonização, e principalmente, a todos que tenham interesse em se divertir lendo um livro bem escrito!

Para finalizar, um trecho de um capítulo intitulado “(2008) Deborah”:

[…] A vida é assim, esquenta, esfria; o que ela quer da gente é coragem para a próxima tentativa. […]

Capa do livro Brochadas, de Jacques Fux.Ficha Técnica:

Título: Brochadas: confissões sexuais de um jovem escritor
Autor: Jacques Fux
Editora: Rocco
Lançamento: 2015
Gênero: Romance Brasileiro

Nº de Páginas: 240
Formato: 14 x 21 cm
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-85-325-2994-7
Valor: r$ 29,50
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Colaboração: Sadallo Andere