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Performances da mente feminina captadas através da fotografia

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Nós mulheres sabemos quantas e quantas vezes nos pegamos contemplando aquelas pessoas perfeitas estampadas em postagens do Instagram, nas revistas e portais mais famosos do mundo.

Fotografia artística - Ensaio de Luh Pires.
Ensaio Mãe Terra.

As celebridades não medem esforços para parecerem incríveis em cada uma de suas aparições públicas, enquanto a publicidade vende padrões quase inatingíveis de beleza. Fomentar o desespero e a frustração feminina poderia até mesmo ser considerada uma das táticas do diabo para dominar o mundo. Assim, toda indústria do caos se movimenta, desde as drogas farmacológicas, a indústria dos cosméticos, a moda, a alimentação e os procedimentos estéticos. Enquanto muitas mulheres ficam preocupadas com aquilo que não compreendem que já são – empoderadas – falta-lhes coragem de, muitas vezes ir à luta.

Assim sendo, mulheres de todas as idades acabam muito precocemente sofrendo desta, que é uma verdadeira epidemia mundial: a baixa autoestima. Não é fácil rasgar o véu das expectativas.

Por receio daquilo que pode – por elas mesmas – ser considerado imperfeições em seus corpos, como estrias, celulites, gordurinhas ou até mesmo envelhecimento, muitas mulheres se encolhem em uma concha, quando não se submetem a perigosas e muitas vezes desastrosas intervenções cirúrgicas para tentar moldar aquilo que já é perfeito por natureza: o corpo em plenitude.

Pensando em resgatar a autoestima feminina com um olhar sublime e artístico, os fotógrafos Josi Chocho e Jorge Luiz Pinto (Instagram), desenvolveram um estilo todo próprio de chamar atenção para a singularidade de cada pessoa.

Foi buscando as inspirações internas do que cada mulher vislumbra em seu inconsciente como sendo o símbolo​ de imagem ideal, que eles​ passaram a desenvolver captações de imagens que misturam o sensual, contemporâneo e até místico cenário dos sonhos para materializar aquele arquétipo que habita dentro de cada mulher.

​Os aspectos de gênero e seus comportamentos são moldados por crenças que vão sendo construídas ao longo de nossas vidas, tendo como base, primeiramente pela família​. Os homens acabam sendo conduzidos a serem machões, pegadores, fortes, espertos e másculos. Já, as meninas, são estimuladas a serem princesas, bonecas, fadas e símbolos da plenitude, conquista e leveza…

Foto: Josi Chocho
Ensaio Sensualizando.

Nos tempos de ensino fundamental e médio, o reforço da sociedade para padrões e estereótipos reforçam na nossa cabeça aquele avatar de referência que aprisiona os sentidos de gênero. Hoje, um forte movimento busca desconstruir esses paradigmas e deixar claro que somos o que quisermos ser.

A quebra desses padrões rompe barreiras e traz para fora mulheres que raspam seus cabelos, deixam que fiquem brancos, etc. Outras, que sempre se sentiram com vontade de representar performances diferentes da expectativa “bela, recatada e do lar” rasgam a camisa de força da contenção social e resolvem experimentar o lado mais ousado de sua atuação como mulher, nunca antes externadas. Isso também é terapia, isso também é cura pois é mais fácil desconstruir aquilo que se pode materializar, trazer à tona, tornar presente.

A fotografia tem o dom de materializar o subconsciente de uma pessoa. A foto é amoral, ela não julga, não questiona, não nega. A foto simplesmente interpreta e expressa o que há de mais latente no âmago de cada pessoa. Playmates, fadas, super-heroínas…

A ideia não é reforçar padrões, até porque, impor que esses personagens míticos de sedução, beleza e leveza não sejam expressos, é não permitir mais uma vez que haja escolha feminina individual na manifestação da vontade causando confusão entre ego e alter ego, muitas vezes, ocasionando crises de identidade. Portanto, só cabe ao fotógrafo tornar atitude em arte, tirar do inconsciente as amarras da opressão e soltar a atitude que já existe lá dentro. O que há por trás dessas performances são mais que padrões, são significados assimilados pela própria identidade como reflexo de um alter ego doutrinador e intransitivo que bomba como representatividade na mente de cada uma e que, através da fotografia, ganha formas, cores e significados para fazerem com eles o que quiser.

A fotografia artística quando contemplada como uma busca pela alma pode nivelar os nossos sentidos, aquilo que somos, aquilo que sonhamos e aquilo que somos impostos a ser. O resultado surpreendente vem arrancando suspiros da mulherada que acaba tendo a percepção real daquilo que habita em si e da perfeição que sempre foram, mas estava oculto dentro de si mesmas.

Confira o resultado: