Pintor que também era assassino e conhecido como perturbador da ordem, que inventou o Tenebrismo (fundo escuro e foco claro no primeiro plano onde os personagens centrais se encontravam), que estava sempre envolvido em duelos e discussões… Não poderia estar me referindo a outro que não Caravaggio.
Quando tinha apenas 15 anos, Caravaggio foge do atelier de Simone Peterzano, que seu pai, mestre de obras, o inscreveu quando ele tinha 12 anos, e vai para Roma, onde troca inúmeras vezes de protetor.
Caravaggio, em seu primeiro momento, pintava quadros que nada tinham a ver com símbolos religiosos, o que todos pintavam nessa época. Quando foi contratado por um padre, passou a pintar quadros bíblicos, mas a sua maneira: usando de cenários escuros e faces comuns, como a de padeiros ou prostitutas para encarnarem os santos. O artista levou este princípio estético às últimas consequências, a ponto de ter sido acusado de usar o corpo de uma prostituta fisgada morta do rio Tibre para pintar “A Morte da Virgem”. Esta foi uma das duas mais importantes características das suas pinturas: retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo comum das ruas de Roma. A outra característica marcante foi a dimensão e impacto realista que ele deu aos seus quadros, ao usar um fundo sempre raso, obscuro, muitas vezes totalmente negro, e agrupar a cena em primeiro plano com focos intenso de luz sobre os detalhes, geralmente os rostos.
“Após vários anos de trabalho, Caravaggio andou de cidade em cidade servindo vários senhores importantes. É um trabalhador incansável, porém orgulhoso, teimoso e sempre disposto a participar em discussões e a envolver-se em brigas, o que se torna difícil conviver com ele”. – Floris Claes van Dijk
Em a “Flagelação de Cristo” compôs uma coreografia com contrastes de claro-escuro, onde Cristo se apresentava num movimento de total abandono, conseguindo uma composição de beleza carismática.
Já em “São João Batista”, logo abaixo, demonstra um jovem de olhar provocador – julgava-se que esse modelo era um dos seus amantes.
Durante sua vida, Caravaggio era considerado enigmático, fascinante e perigoso. Nascido no Ducado de Milão, onde seu pai, Fermo Merisi, era administrador e arquiteto-decorador do marquês de Caravaggio, Michelangelo Merisi surgiu na cena artística romana em 1600 e, desde então, nunca lhe faltaram comissões ou patronos. Mudou seu nome para Caravaggio, pois era o nome da pequena vila onde nascera.
Porém ele lidou com seu sucesso de maneira atroz. Uma nota precocemente publicada sobre ele, em 1604, descrevia seu estilo de vida três anos antes: “após uma quinzena de trabalho, ele irá vagar por um mês ou dois com uma espada a seu lado e um servo o seguindo, de um salão de baile para outro, sempre pronto para se envolver em alguma luta ou discussão, de tal maneira que é bastante torpe acompanhá-lo.” (Floris Claes van Dijk; Roma, 1601)
Considerado um farrista inconsequente, ele vivia com problemas com a polícia, sem dinheiro e buscava brigas nos pulgueiros da cidade. Em 1606, matou um jovem durante uma briga e foge de Roma, com a cabeça a prêmio. Passou por Nápoles, depois por Malta e pela Sicília, onde pintou telas de lirismo transfigurado, como: Ressurreição de Lázaro (Messina), na qual, sob o pavor de um imenso espaço vazio, um raio de luz rasante parece imobilizar o drama sagrado.
Em Malta (1608) envolveu-se em outra briga, e mais outra em Nápoles (1609), possivelmente um atentado premeditado contra a sua vida devido suas ações, por inimigos nunca identificados. No ano seguinte, após uma carreira de pouco mais do que uma década, Caravaggio estava morto, aos 38 anos.
Caravaggio teve sua história contada em “flashbacks” pelo diretor Derek Jarman. O filme dura 93 minutos e recorda fatos de sua curta existência na terra e nos mostra sua infância, as decepções do início de sua carreira, seus últimos sucessos, sua amizade com um cardeal e sua relação destrutiva com um jogador muito atraente. É maravilhosamente filmado em cenário que nos recordam a própria sensibilidade de Caravaggio. Há alguns fatos que não condizem com a realidade da vida do pintor, mas o filme da uma boa ideia da personalidade de Caravaggio, embora amenize um tanto seus defeitos. No geral é um bom filme e é bem recomendável.
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