Entre, sinta o aroma e se entregue a uma nova experiência sensorial através da poesia. Hoje, ela é o ingrediente principal…
Cozinhar
Não há arte mais particular
Cada um, cada sabor
Temperos, pitadas, amor
Histórias vividas relembradas em sabor
Vapores, cheiros, lembranças
Tempo em que éramos crianças
Sabores inventados, transporto-me à infância
Fogão de tijolo sob a sombra do pé de jambo
Arroz doce, macarrão… Oba, hoje tem feijão
Quanta festa, quanta animação
Na fazenda família reunida, no quintal fartura
Colhíamos frutas e temperávamos com sal ou açúcar
Em frente ao rio estórias de aventura
Na boca, transformação dos sabores
Pelo mundo o que avistei
A comida destacava cada povo
Uma tortilha, uma salsicha, um chimarrão
Um mundo novo
Compras diárias, outros ingredientes
Outros cheiros eu sentia
E entre uma cerveja e outra o anoite se ia
E restava apenas sabores e experiências
Transformar alimentos
Cozinhar emoções
E se servir com histórias
Isso é a cozinhar
Cada momento ao lado do fogão
Uma receita diferente, um sentimento momentâneo
Em cada prato servido, um sorriso
Em cada sorriso uma benção
E nesta alquimia vou me temperando
Panelas, colheres, iguarias, fogão
Mexe, experimenta, cheira
Incrementa até chegar ao desejado sabor
E assim vou aprendendo e vivendo
Degustando minha arte como uma sobremesa
Celebrando a vida dentro de cozinhas
Brindando a felicidade ao redor da mesa
Ritual do Pão
Farinha, fermento, água e dedos
Momento único da preparação
Delicadeza e força sovam a massa
Ingredientes bem misturados só resta esperar
Ar, crescimento, envolvimento
De uma pequena quantidade, o volume
A espera, a expectativa, os dois lados fermentam
O tempo se faz ingrediente neste momento
De densa e pesada, a massa se transforma
Agora linda, volumosa, macia
Moldamos com nossas preferências
Aquecemos o forno e nossos corações
Todo um processo com modificações
Toda uma espera gerada
Forno aquecido
Desejamos o final
Na mesa um milagre
Com seus cheiros e sabores únicos
No padeiro um orgulho prazeroso
Quem se alimenta, vida
Doce Romance
Um violão tocava enquanto a lenha queimava
O cheiro que exalava era peculiar
Cravo, canela, coco
Invadia aquele pequeno lugar
Uma nota, uma lua, um sorriso
Dois olhares a se encontrar
Olha o arroz doce para esquentar
E assim fez-se um romance brotar