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Quando a Anna olha para mim

1965

Eu bem achei que fosse passar. Esse nó na garganta, esse calor no peito, essas lágrimas no olhar. Essa sensibilidade aflorada, que faz com que eu me emocione tanto, mesmo com coisas tão pequenas. Mas quando menos espero, ali estão outra vez: uma batida mais forte no coração, um sentimento que sobe à garganta e transborda pelos olhos. O clichê que explica lágrimas como um amor que, de tão grande, escapa pelos olhos nunca fez tanto sentido. São lágrimas de alegria, da mais pura gratidão, que os teus olhos encontram ao encarar os meus. Lágrimas que teu olhar sorridente faz brotar no meu.

Olhar de uma criança para mãe.
Foto: Reprodução

Nunca conseguiria ter me preparado para isso. Para a maneira como o meu coração esquenta no momento em que a Anna me olha, e com os olhos sorri. Mesmo quando eu tento passar seriedade no tom de voz, desmancho internamente no instante em que nossos olhares se cruzam. Neste momento mágico em que a Anna olha para mim. Assim que aqueles olhinhos me enxergam e me reconhecem, eles brilham. Brilham tanto que parecem sorrir. Sua boca nem precisa acompanhar se curvando, vejo claramente um sorriso naquele olhar.

É uma alegria indescritível a tranquilidade de ser abençoada com um amor infinito, pleno; incondicional. Um combustível que consome qualquer mal estar, que acaba com todo cansaço, medo, ansiedades, incertezas… com as dores das feridas passadas. É o alívio de comprovar que o amor verdadeiro existe, e está ali, em sua forma mais pura a sorrir para mim. O momento consegue ser mais sagrado ainda quando sucede o aleitamento. Que alegria quando aquelas duas bolitas curiosas terminando de mamar e, ainda com o corpinho grudado ao meu, olham para mim.

Te ver me olhando minha filha, sorrindo, é tudo o que mais quero nessa vida. Nunca sequer sonhei com uma satisfação assim. Agora que descobri não consigo pensar em nada maior para desejar. Para almejar reviver. A verdade é que no teu olhar descobri uma magia que nunca acreditei que encontraria. Um presente com o qual me deleito todos os dias. Se eu pudesse congelar o tempo faria isso enquanto a Anna olha para mim.

No instante em que eu vejo esse brilho acendendo no olhar da Anna, sinto que algo acende em mim também. E a cada dia, mentalmente, faço um registro através do meu olhar; crio um filme na minha memória. Gravo aquele olhar, aquela alegria, o nosso amor, nossa paz. E guardo, no fundo do meu coração. Como estoque para todas as minhas batalhas e baixas vibracionais. Faço isso mentalmente por que sei que não adiantaria nem tentar; nenhuma câmera seria capaz de captar com exatidão a intensidade desta troca tão pura de amor que acontece quando a Anna olha para mim.