Home 6º SENTIDO Depois do Fim

Depois do Fim

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Ele pegou no telefone pra ligar mas desistiu quando viu que o número dela ainda permanecia salvo na discagem automática. Os olhos em redemoinho pelo cômodo minúsculo que chamava de lar. Lembranças dela pairavam pela escrivaninha e pelas poucas prateleiras que tinha. Do outro lado da cidade ela estava deitada na cama encarando o teto. O celular na mão firme entre os dedos trêmulos e o coração acelerado pela esperança de ouvir o velho conhecido toque tão característico dele.

Fim dos relacionamentos.

Quando um relacionamento morre instantaneamente nasce o “e se…”. E se eu tivesse ido ao encontro dele naquele dia. E se eu não tivesse respondido de forma atravessada àquela pergunta dela. E se eu não guardasse meus pequenos rancores. E se eu fosse mais amorosa naquele dia que ele estava pra baixo. E se…

Não há nada que faça a roda da vida girar ao contrário. Então, geralmente os “e se” ficam por ali serpenteando em nossa cabeça, sendo alimentados por nossas frustrações diárias que acabam se tornando um solo fértil para as paranoias que crescem como erva daninha.

É válido saber que qualquer mínima alteração no espaço tempo das coisas nos faria pessoas diferentes com vidas diferentes. Só que é sempre tentador imaginar como seria se tivesse uma segunda chance ou se pudesse voltar no tempo. De qualquer forma eu imagino que a vida nos faz o favor de sempre andar pra frente outra não nos dar a chance de voltar e fazer merda de novo.

O bom do “e se” é que de certa forma a gente aprende alguns macetes e vai ficando menos burros. Decepções e términos de relacionamentos servem de lição, afinal.

Lá do outro lado da cidade ele optou por ligar a TV e assistir aquela série que via com ela, mas que havia deixado pra trás desde que o namoro acabou. Já ela, resolveu apagar a luz do quarto e dormir, para assim tentar esquecer as promessas que os “e se” falharam em cumprir.