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Estudo dos Arquétipos de Adão e Eva

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O despertar da consciência, do desejo e o livre-arbítrio. Esse artigo com fontes de estudo na Psicanálise e Kabbalah (sem propósito religioso) é meramente terapêutico. O propósito desse estudo é ajudar a cada um de nós – partes individuais da psique fragmentada de Adão – a refletir nossa unidade de equilíbrio e missão na Terra.

Ilustração de Adão e Eva no Jardim do Éden.
Ilustração de Adão e Eva no Jardim do Éden.

Transpsique: Adam HaRishon é o nome que daremos ao nosso EU Interior, a consciência e a alma coletiva, o qual a Bíblia chamou de Adão.

Adam ou Adão (Homem, em hebraico e personagem bíblico) tem um sobrenome: HaRishon (O Primeiro, em hebraico). Isto não significa que haja sido o primeiro homem sobre a terra e, sim, que foi o primeiro no qual apareceu o desejo de encontrar o propósito de sua existência. Adam descobriu que desejar e conquistar é chegar a ser similar ao Criador – a força altruísta e criativa que criou a vida – e alcançou seu objetivo.

Adão, conscientemente, pensou em algo mais, o que fez nascer a escolha, o desejo, a ambição, a realização. De acordo com os estudiosos, ele alcançou os seus desejos. Talvez por isso teria sido expulso do Éden. Surgia então o Livre Arbítrio.

De fato, seu nome bíblico dá testemunho de seu êxito já que se compõe das palavras hebraicas: “Adam La Elyon – Eu serei como o Altíssimo” (Isaías 14:14).

Em outras palavras, Adam (Adão, por assim o conhecemos) foi o primeiro indivíduo na história da humanidade que percebeu um Criador, seja ele um SER ou um PRINCÍPIO FÍSICO, e assim, diferenciou-se dos outros animais. A partir daí, as escolhas individuais se subdividiram cada vez mais pela busca do prazer e satisfação pessoal. O homem aprendeu a ser “Criador” de ferramentas de consumo para sua satisfação e prazer.

Na época atual, quase seis mil anos depois de Adam, o tema do propósito de nossa existência já está despertando um número crescente de pessoas. A incapacidade por encontrar uma resposta à pergunta “qual é o significado de minha vida?”. Desejar, gerar esforços, realizar, querer mais… O que? Pra quê? A busca seria egoísta e individual? Existem diferenças fundamentais entre os homens e os animais?

Antes do desejo e da consciência de indivíduo:

Quando a alma de Adão foi criada, tinha uma relação com Criador que lhe causava um prazer limitado porque não havia se esforçado de forma independente para alcançá-lo. Segundo o Gênesis, o Criador quis que a alma de Adam HaRishon (primeiro a ter consciência de sua unidade) se desenvolvesse por seu próprio meio, expondo-a então, em um ato premeditado, aos maiores prazeres junto com Eva e o fruto proibido.

A Criação de Adão (1511) é um afresco pintado por Michelangelo Buonarotti no teto da Capela Sistina. © Domínio Público
“A Criação de Adão” é um afresco pintado por Michelangelo no teto da Capela Sistina. © Domínio Público

Quando o homem recebeu os prazeres, encheu-se de regozijo, perdeu toda a noção do Criador – quem lhe havia proporcionado o deleite – e na busca “por querer mais e mais”, desconectou-se da natureza (Éden), afastando-se de todo contato com Ele (espírito – essência – totalidade – natureza – meio).

Então, o Homem se multiplicou desconectado, gerando a humanidade. Uns desejavam TER, outros desejam o SABER. Mas ninguém desejava SENTIR.

O psicanalista Jacques Lacan, um dos maiores especialistas de todos os tempos, em seu estudo sobre O DESEJO, disse a seguinte frase: “O desejo é o ultimo véu do prazer”. Sugere que a realização ‘individual’ plena nunca chegaria. O fruto do desejo na satisfação individual, gera esforços para a idealização de um SONHO projetado em uma “felicidade imaginária” ou “felicidade passageira” e desconectada do bem estar comum.

Todos querem desfrutar, receber gratificações. Ainda que sejamos diferentes na escolha do prazer, o denominador comum sempre é a necessidade de chegar ao que nos falta. Sempre nos parece que na próxima etapa tudo será muito melhor.

Os desejos do ser humano se dividem em cinco níveis de desenvolvimento: o primeiro é básico e serve para a sobrevivência, para o alimento, a saúde, sexo e a família. O segundo, é o anseio por dinheiro, o qual cremos nos assegura além da sobrevivência, um bom nível de vida. No terceiro, queremos honra e poder, sobre nós mesmos e os demais. O quarto nos parece que alcançar conhecimentos nos fará felizes. Somente no quinto nível de desenvolvimento do desejo, entendemos que há algo que ultrapassa tudo que captamos anteriormente, e que algo ainda nos falta para nos tornarmos deuses (realizados).

Nesta fase, finalmente compreendemos que a felicidade se encontra no meio, nas sensações e nos sentimentos.