Luz, câmera, ação! Gritos empolgados com uma voz que lembra Elvis na juventude. Instrumentos excêntricos, cabelos retrôs, trajes e terninhos do tempo do “Ariri Pistola”, tudo muito exótico. Já sei, você fez uma cara de reprovação. É assim mesmo, a desconfiança é a primeira coisa que te vem na mente. Afinal, hoje em dia quase tudo é muito comercial e ruim na mesma proporção.

E antes mesmo do vocalista balbuciar qualquer coisa, imagine ainda, um maluco numa mistura de homem das cavernas com seguidor de buda retrô saltitando ao mesmo tempo que toca e gira um violão enorme. Na verdade, não dá nem pra entender como ele consegue se mexer tanto e não perder a afinação. Parece mais uma biruta de posto de gasolina.
Não, não pára por aí! A apresentação consegue ficar ainda mais irreverente: um vocalista mascando chiclete escancaradamente, silencia a banda e fica apenas ouvindo os gritos da plateia! Deu, né? Agora, é aquele momento de se pensar: – Puxa, deve ser mais uma daquelas coisas pop que todo mundo canta e só eu não conheço. E finalmente é quando a música começa.
Deixe-se levar, e em poucos segundos você estará completamente envolvido cantando: “Twang, twang, twang, twang!”
É pessoal, estou falando da banda Mustache & Os Apaches e o seu ritmo Folk. Sem dúvida, a coisa mais genial que ouvi neste início de ano.

Inspirados pelas Jug Bands norte americanas e pelos espetáculos do Circo Vaudeville, iniciaram suas apresentações nas ruas de São Paulo e em seguida, destacaram-se por serem capazes de transformar qualquer lugar da cidade em um espaço para shows.
Entre barulhos estranhos e uma afinação quase irritante, a banda formada por Pedro Pastoriz (Voz, Violão e Banjo), Tomás Oliveira (Contrabaixo e Voz), Axel Flag (Voz e Percussão), Jack Rubens (Bandolim) e por Lumineiro, de Belo Horizonte, que toca o original Washboard – uma antiga tábua de lavar roupa. É assim que eles literalmente preenchem quase todos os sentidos, como músicos e performáticos que dão um show “calculadamente preciso de espontaneidade”, talento e bom gosto.
Na divulgação do seu primeiro disco, o homônimo Mustache & Os Apaches, a banda gaúcha já conta com um público fiel que lota seus shows num coro incontável de pessoas. Somente em dezembro do ano passado, foram mais de 60 horas na estrada e uma agenda lotada de compromissos: shows, entrevistas e participações. Quem quiser pode fazer o download gratuito do álbum no site Eu Escuto.

Com uma composição de arranjos e um videoclipe muito bem produzido, o single de divulgação “Twang” é uma daqueles músicas, que diga-se de passagem, remonta com precisão e muito bom gosto os anos dourados. O vídeo dos meninos não deve nada para outros com “historinhas” e roteiros super produzidos. Me atrevo até a comparar com um dos videoclipes mais executados nos anos de 2003 e 2004, “Hey Ya!”, do Outkast.
Mas, para quem ainda não ouviu falar, convido-os a assistirem principalmente a apresentação dos caras no Programa do Jô. Pra quem gosta de qualidade sonora e, assim como eu, verifica outros atributos como performance, é justamente nesta apresentação que se pode ter a fantástica experiência da primeira vez com Mustache & Os Apaches.
E prestem atenção na cara de satisfação que o apresentador, fã de blues, soul e jazz, faz ao aplaudir empolgadíssimo no final da apresentação de abertura.
Só tenho mais uma coisa dizer: Mustache & Os Apaches, é disso que eu tava falando!