Quantas vezes é necessário que chova para que as sementes de uma árvore cresça? Quantas vezes temos que ouvir tem calma, porque a árvore cresce lentamente, no seu ritmo, na sua dimensão, no seu espaço, nos seus limites? Tudo tem o seu tempo mesmo que não gostemos do tempo que leva, mesmo que não nos agrade a lentidão dos acontecimentos, porque do querermos ao precisarmos vai uma distância de um universo para o outro.
Há limites para tudo. Há limites para todas as coisas desde as árvores até ao que a terra suporta, nem água a mais nem sol a mais. há limites para tudo. Agora imagina-te uma semente de árvore que teve a sorte de crescer no terreno certo, com o podador ensinado e que te poda da maneira correcta e vem outro que não sabe o mesmo, mas da maneira errada, mas continuas a ser a árvore que recebeu o sol e a chuva, mas a sua raiz é a mais verdadeira coisa que tens na tua base.
Faça-se a poda que se fizer serás sempre tu mesmo. Mesmo que nada nem ninguém faça sentido para ti, mas és tu mesmo, és a verdade que mesmo com a poda errada sempre aparece o que realmente és na tua raiz que te faz seres o que és. Por tudo isto há um esforço que muitas vezes faz com que as coisas deixem de ser divertidas mesmo que no céu esteja o pôr do sol, mesmo que fiquemos acordados e vejamos o seu nascer. Muda de caminho, pega nas tuas raízes e corre, corre para longe, rasga o caminho se for preciso, rebenta com teus medos e fantasmas e maus podadores.
É difícil ver-se uma árvore correr, porque somos ensinados a criar raízes e em crescer mesmo que a vida nos leve para direcções diferentes, mas aqui falo para ti conhecendo o que é ir para além de ti, mesmo que tenhas que quebrar essas correntes que te fazem sentir medo, mesmo que a dor te aperte quando já nada tenhas a perder, que esse é um estado de graça verdadeiro, avançar sem ter nada a perder, mesmo que achemos que vai ser o fim do mundo se mexermos uma palha que seja. É o campo de visão de um animal de palas, mas o que se ganha é sempre superior que o que se perde.
Sai dos teus limites, rebenta as tuas correntes, abre caminho ao teu caminho, mesmo que nele estejas o medo, o pavor, a ausência de luz, mas vai em busca dela, sai do terror.
Não são precisas muitas palavras para dizer o que é o medo, mas são muitas mais para dizer o que é a felicidade. O medo fecha, a liberdade abre e faz sair da boca as mais belas palavras e elas brotam e brotam e brotam das árvores que calmamente deixamos crescer no seu tempo, debaixo da sua adorada chuva, do seu sol caloroso e da terra que te alimenta pela raiz, porque a raiz só quererá o que a fizer florescer mesmo com a má poda ela se livra e renasce em si mesma. Renasce em ti o que vem da tua raiz que é mais poderoso que as más podas.