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A Garota Dinamarquesa

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Da vida real para as páginas de um livro, do livro para as telas de cinema, do cinema para os dias atuais. A cinebiografia A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl – 2015) dirigido por Tom Hooper, foi inspirado no livro de David Ebershoff. No ano em que o casamento homossexual foi aprovado em todo o território dos EUA, filmes de tal temática se tornam uma tendência. Contudo, a obra literária existe desde 2002 com título original ‘A Moça de Copenhague’, que atualmente teve seu título e capa alterados com o lançamento da produção cinematográfica.

O ator britânico Eddie Redmayne no filme A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl - 2015). © Universal Pictures
O ator britânico Eddie Redmayne no filme ‘A Garota Dinamarquesa’. © Universal Pictures

O que mais gosto nas biografias é a possibilidade de mergulhar no fundo da alma e memória de alguém, que nos leva a reflexão dos nossos próprios conflitos existenciais. E mesmo sendo um drama-pseudo-biográfico, levo em consideração não apenas os aspectos técnicos, mas as características sutis que nem todo mundo presta atenção. O filme vai além de ser apenas um relato da vida de um transexual. O assunto é tratado com a maior poesia, de um modo comovente e ao mesmo tempo doloroso. E todos que vem acompanhando minha caminhada já está cansado de saber que eu amo as histórias de amor. E não se iluda, A Garota Dinamarquesa trata-se muito mais de um romance entre um homem que descobre sua verdadeira sexualidade e uma mulher disposta a se sacrificar por amar incondicionalmente.

O filme narra a história do pintor dinamarquês Einar Wegener (Eddie Redmayne), que foi uma das primeiras pessoas a se submeter a uma cirurgia de redesignação sexual (mudança de sexo) nos anos 30. Mesmo com seu talento, resolveu abandonar a pintura para viver uma nova vida sendo Lili Elbe. Alguém descrita por ele como “inconsequente, superficial e caprichosa”, seu alter ego feminino. Porém sua alma feminina despertou por acaso. Quando sua esposa, a também pintora dinamarquesa Gerda (Alicia Vikander) pede para que pose na falta da modelo e também amiga do casal, Ulla (Amber Heard). No início, Einar resisti mas acaba cedendo, e usa pela primeira vez meias, sapatos de bailarina e um vestido com saia plissada por cima. Bastou posar por este momento pra despertar seus sentimentos mais profundos – “Não posso negar, pode soar estranho, mas me senti bem na maciez das roupas femininas”, escreveu ele em seu diário. Einar embarca na brincadeira da esposa e dá vida a Lili Elbe, cabelos ruivos à lá garçonne, batom vermelho, pele de porcelana. A pintura de Greta ganha fama tendo Lili como musa e o casal se muda para Paris. A partir daí, passa a se vestir esporadicamente, ao lado da esposa, sendo apresentada como irmã de Einar em suas aparições públicas.

Poster do filme A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl - 2015).Informações Técnicas

Título Original: The Danish Girl
Título no Brasil: A Garota Dinamarquesa
País de Origem: Estados Unidos
Gênero: Drama / Biografia
Duração: 119 min
Ano de Lançamento: 2015
Estreou no Brasil: 11 de fevereiro de 2016
Direção: Tom Hooper
Roteiro: Lucinda Coxon (baseado no romance homônimo de David Ebershoff)
Produção: Tim Bevan / Eric Fellner / Anne Harrison
Estúdio: Working Title Films
Distribuição: Focus Features / Universal Pictures
Site Oficial: www.workingtitlefilms.com

Com o passar dos anos, Einar vai ficando cada vez mais deprimido. Busca ajuda de vários médicos, que ao invés de ajudar só o confundi mais ainda. Uns diziam que ele era homossexual e outros, que era um esquizofrênico depravado. Einar viveu na época de 1920 e 1930, em que a compreensão do gênero e do sexo humano apenas nascia. Sofreu agressões físicas e psicológicas, além de não compreender bem seu alter ego feminino. Mas à medida que Einar desaparece da lembrança, ele percebe que terá que fazer uma escolha pra ser verdadeiramente feliz. Com o apoio da esposa, Einar vai à Alemanha para se tornar, de uma vez por todas, Lili Elbe. Na Clínica Municipal Feminina de Dresden, ele realiza uma operação para mudança de sexo. Sua esposa aceita a cirurgia mas percebe que irá perder de vez a figura masculina com quem havia casado. Neste tempo, divorciada do marido se envolve com Hans Axgil (o ator belga Matthias Schoenaerts) amigo de infância de Einar. Mesmo assim, continua ao lado de ‘Lili’ que confessa não merecer tanto amor. Em setembro de 1931, Lili morre, devido a intervenção mal sucedida para transplantar um útero em seu corpo. Ciclosporina, a droga que previne a rejeição de órgãos transplantados, foi usada com sucesso pela primeira vez em 1980, quase 50 anos depois da morte de Lili Elbe.

Dizem que a vida de um transsexual não é exatamente como é retratado no filme. Mas, vale a pena, por ser uma das histórias de amor mais verdadeiras e comoventes, narrada com elegância e sutilezas únicas. O amor, para mim, cabe em qualquer lugar, em qualquer momento, em qualquer coração, mediante qualquer circunstância. E como não há fronteira para o sentir, o amor desperta o nosso verdadeiro eu, seja ele inconsequente, incomum ou até mesmo perigoso. É importante seguir buscando nosso verdadeiro eu, sem culpa, sem medo e sem limitações. Assistam e me digam!