Como meu primeiro artigo para o Ativar Sentidos recebi um desafio: falar de arte, fotografia ou design. Texto pronto, revisado e com autorização da fotógrafa, enviei o artigo e mais de 24 horas sem retorno. Pensamentos vem e vão! – Será que não aprovaram? Será que caiu na caixa de spam? Será que envio outro email perguntando se receberam o artigo? – Na dúvida, eu sempre arrisco pelo Sim!

Algumas horas depois, recebo um contato dizendo assim: “Adorei o texto, mas não sei como você conseguiu falar de si mesma tão bem. Eu nunca consigo falar de mim assim.”
Ri alto, ri muito. Pois não era a primeira e nem a segunda vez, que Luciane Pires Ferreira e eu, Luciane de Souza Pires, nos tornávamos a mesma pessoa. Até eu mesma já me confundi com ela. Há algum tempo atrás, cheguei a dar pulos de alegrias por ter passado na PUCRS, quando horas depois para minha surpresa, descobri que não era eu coisíssima nenhuma.
Senhoras e senhores, com vocês: Luciane Pires Ferreira.
Influenciada pela atuação teatral em suas mais diversas formas de linguagem, Luciane não economiza na catarse em suas fotografias. Sim, eu disse catarse! Aquele momento da sessão de terapia, onde o paciente chega no clímax emocional. Nada é tão comum que não possa ser visto de uma forma completamente extraordinária. A tônica das peças é quase sempre a dramaticidade. São capturas que traduzem a eternidade de um milésimo de segundo. Você nunca vê Luciane Pires Ferreira duas vezes. As cenas nunca se repetem. E ao mesmo tempo, existe uma sutil marca que deixa todas as coisas preto no branco. Talvez meio envelhecido.



Especialista em capturas de imagens de Making of, a sensação que se tem, é que nem a própria pessoa se conhecia tão bem até se ver num click da fotógrafa gaúcha. Com um vasto portfólio, que abrange de coberturas de Festival Internacional de Cinema, instalações coreográficas, desfiles pelo Donna Fashion Iguatemi, passando por making of de videoclipes, até chegar a magia do teatro. É uma imensidão de fotografias de teatro.
É fantástico perceber a perspectiva que um profissional da fotografia deste quilate tem da vida. As vezes, eu me pego pensando: O que rola na mente de um artista com esse grau de sensibilidade? Dá até um certo medo de fazer movimentos impensados na frente desses malucos geniais. É como se estivéssemos nus, com a alma exposta e em qualquer suspiro, eles poderiam captar um olhar invejoso, uma boca de deboche, um ar de desânimo ou quem sabe pernas desavergonhadas, pedindo para serem acariciadas.




Sinceramente, a menos que você seja uma daquelas pessoas despojadas que não esteja nem aí para o que o resto do mundo está pensando, não é bom expor-se descontraído na frente deste tipo de gente. Mesmo que ele não capture a cena, já terá capturado sua alma!
* Agradecimento especial a fotógrafa, que gentilmente cedeu as imagens de seus trabalhos. Quem quiser ver mais fotos, pode acessar sua fanpage no Facebook ou o seu site.