Você já notou que existem situações que as vezes ficam enroladas durante anos e podem se desenrolar em questão de segundos? É como se tocasse um sininho dentro da nossa cabeça dizendo: – Agora deu, é a gota d’água!

Pensar que alguém é completamente dono do seu destino, e que só a morte é algo que foge ao nosso controle, seria um pensamento muito cartesiano. Todas as situações da vida são resultado de um conjunto de escolhas que fazemos moldadas pela nossa personalidade, com seus fatores internos emocionais mais os fatores externos não controláveis. E por último, o clima familiar, profissional, motivacional, etc.
Por isso, existem coisas que fogem ao nosso controle e podem nos levar para caminhos incertos ou indesejados. Mesmo fazendo escolhas certas, muitas vezes até calculadas e bem planejadas, no meio do caminho o mar fica revolto e entramos numa situação completamente arbitrária as nossas expectativas, gerando assim um turbilhão de emocionalizações, algumas controláveis, outras nem tanto. E é quando nossa vida se torna carente neste ou naquele outro aspecto.
Pense: hoje você é exatamente aquilo que planejou ser há 10 ou 15 anos?
Uns patinam tranquilamente pelo universo familiar enquanto dão cabeçadas no muro nos aspectos profissionais. Outros, desenvolvem trabalhos em equipe e lidam com questões de inter relacionamentos e pressão que é uma beleza. E há quem tenha sido fadado a cultivar um clima familiar cheio de valores existenciais e presenças afetivas, deixando um pouco de lado as questões profissionais. Ah sim, e hoje, mais do que nunca, nascem os espíritos empreendedores que planejam suas vidas num período bem mais curto de tempo, muitas vezes abrindo mão de uma suposta estabilidade para fazerem o que gostam, não só na aposentadoria, mas durante todo o percusso. Não importa. O fato é que cada um se dá melhor em determinadas questões. Em outras, nem tanto.
A filosofia budista mostra de maneira lúdica um exercício que pode ser feito através da Roda da Vida, onde podemos observar cada um dos aspectos do nosso existir, pontuando-os de 1 a 10. Nesta ferramenta, podemos perceber que uma nota alta apenas, não faz melodia. Ali, percebe-se que, de nada adianta pontuar com uma nota 9 o sucesso profissional, deixando míseros 3 pontos para o familiar. Ou 1 para o espiritual, 5 para o sentimental e 6 para as atividades físicas ou de lazer, por exemplo. É justamente, mantendo o equilíbrio nas pontuações que o Samsara, como é chamado tradicionalmente a Roda da Vida, flui. Ou seja, só com calibragens harmônicas, o Samsara se torna uma roda viva e assim, evidentemente gira!

Mas o que nos torna especiais? O que nos diferencia da maioria das pessoas? Será que estamos fadados a seguir roteiros quase iguais e termos o mesmo destino da grande maioria?
Solução para este e outros problemas do mundo não existem. A coragem é um dos fatores que impulsionam e marcam alguns indivíduos que possuem realizações. Talvez essa ação do coração (do latim cor-aticum) seja tudo do que precisamos para interrompermos com o que nos faz mal e nos lançarmos sobre uma corda bamba na confiança de que não vamos cair.
Tudo depende de quem é você, o que traz na sua bagagem, qual sua hereditariedade, o que carrega nas suas emoções, como são as influências e os ventos que sopram os fatores externos e internos ao redor de ti. Ser dono do seu destino é mais do que dizer: “Basta!”. Ainda não inventaram um Oráculo tão preciso que transmita as informações que te levem aos acertos e erros. Mas uma coisa é certa, todo mundo quer ser feliz, todo mundo quer acertar. Não adianta olhar para o passado e pensar: “Ahhh se eu não tivesse feito aquilo!” ou “Seria tão bom se eu tivesse feito isso”.

Nada disso, nada de arrependimento. Não gaste energia preciosa remoendo suas escolhas do passado. O saldo sempre é positivo, todas as experiências nos trazem crescimento e nos tornam melhores para a próxima rodada.
Afinal, você fez o que o mundo te inspirou a fazer. Então, com muito cuidado, observe, sente-se, respire e olhe para cada aspecto do seu Samsara. Compare os fatores controláveis e meça com os não controláveis. Calcule o ambiente interno e o externo… E sabe do que mais… Você vai ouvir um sininho no seu coração que dirá: “Lance seu coração sobre a corda bamba. Tenha atitude e aja com o coração. Cor-atĭcum!”