Acho que a religião já provou, ao longo dos anos, que pode ser bastante prejudicial para a humanidade e esta em particular o quanto as mulheres são reprimidas – o Islamismo. Não quero opinar sobre religião, pois é muito complexo e pessoal, mas os fatos históricos valem uma reflexão. O ser humano deve ser livre para fazer escolhas – o que deseja seguir, como deve se vestir, o que quer aprender, a religião a seguir e consequentemente a pessoa que quer se tornar, pagando o preço mais tarde pelas suas atitudes.

Este livro veio parar na minha mão através da indicação de um amigo, que era dono de uma locadora de livros e a quem eu admirava muito pelo seu intelecto. Dito e feito, não me arrependi de ter aceitado o convite para ler essa história de imposições, luta e superação.
A história de Ayaan Hirsi Ali nos mostra exatamente isso, nos prova que somos fruto das nossas escolhas e que podemos mudar a nossa realidade. Ela nasceu em uma família islâmica, na Somália, em 1969. Seu pai, a quem ela tinha maior apreço, era um antropólogo que havia estudado na Universidade de Columbia, nos EUA, foi opositor da ditadura de Siad Barré, na Somália e acabou preso em 1972. Apesar de abastada, a família, por causa das atividades políticas, estava em perpétua fuga e permanecia, portanto, excluída da norma nacional, vivendo sempre amedrontada por possíveis denúncias ou perseguições. Por causa disso, Ayaan tem uma vida de exilada e nômade. Ela passou pela Arábia Saudita, onde descobriu um mundo ainda mais rígido contra as mulheres e mesmo em Meca, a vida muda bastante, entre outras mudanças estava a de mulheres não poderem sair às ruas sem a companhia de um homem. A Etiópia, o país seguinte de refúgio da família, mostra à Ayaan, pela primeira vez, o cristianismo.
“A diferença era visível na rua. As etíopes usavam saia na altura dos joelhos e até mesmo calça comprida. Fumavam e riam em público, encaravam os homens sem o menor pudor. As crianças podiam ir aonde quisessem”. [pp: 90-91]
Título no Brasil: INFIEL – A História de uma Mulher que desafiou o Islã
Título Original: INFIDEL – MY LIFE
Autora: Ayaan Hirsi Ali
Tradução: Luiz Antônio de Araújo
Capa: Raul Loureiro
Editora: Companhia das Letras
Lançamento no Brasil: 2007
Gênero: Biografia / Autobiografia
Nº de Páginas: 512
Formato: 14 x 21 cm
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-85-35911-09-1
Mais tarde vão todos parar no Quênia, onde religiões, línguas e culturas diversas se misturam. Com estas experiências Ayaan se expõe a muitas maneiras diferentes de encarar a vida e o mundo. A mãe e avó da menina Ayaan não foram exceções à regra, visto que ela sofreu, durante todo o período que com elas conviveu, fortes repressões de cunho moral e físico. Ela tinha um irmão e uma irmã e seu irmão tinha sua masculinidade e violência totalmente provocada e aplaudida pelos adultos, enquanto ela e sua irmã eram sempre reprimidas. Ayaan sofreu duros espancamentos durante a infância e adolescência, não somente aplicada por parentes, mas também pelos professores.
Ao longo dos anos, nossa protagonista vivência diversas barbáries e o fato de ter sido mutilada aos cinco anos é só o início de uma vida de exclusões e violência gratuita, ou seja, violência permitida pelos rituais islâmicos e tribais. Já li algumas vezes sobre esse ritual, mais o relato dos fatos por alguém que viveu esse horror é realmente assustador. Me fez questionar o todo, me fez questionar a essência humana, simples assim…
O que existe de humano nisso? O que é vital? O que realmente nos move? Por que essas coisas ainda acontecem? Onde está a ONU? E os direitos humanos?
Enfim, minha cabeça virou um ponto de interrogação! Terminei de ler e ainda fiquei por semanas imaginando os acontecimentos, tentando me perceber naquela realidade e confesso, me achei uma mera telespectadora da vida. Leia a continuação…