É uma quarta-feira. Estávamos no mesmo sofá. Na tevê, passava um filme horrível. O relógio marcava 22h. “Daqui a pouco amanhece e não acontece nada”, penso. Acredito que ela pensava a mesma coisa.
De repente, ela se levanta e caminha em direção à tevê, mexe na antena para vê se a imagem melhora, não melhora. Enquanto isso, eu me conserto no sofá, procuro uma posição mais confortável e novamente olho pro relógio. Esse agora marcava 22h30. Ela volta, deita no sofá e coloca os pés sobre minhas pernas.
– Posso? – Pergunta.
– Mesmo que não pudesse já colocou. – Rimos. O silêncio torna a tomar conta da sala pequena.
“Está na hora de eu tomar uma atitude. É agora ou nunca”, falo por dentro. É então que meus anjos e demônios começam a gladiar. De um lado, os anjos exigindo que eu me comporte. Do outro, milhares de demônios dizendo que pessoas más é que fazem história. Não queria voltar pra casa com o gosto de “quase” na boca. Eu queria tocar, eu queria poder dizer que gosto tinha a coisa. Decidi pelo pior.
Começo alisando sutilmente as pernas dela. Passo delicadamente as pontas dos dedos pelos ossinhos do tornozelo e vou em direção à batata (da perna), depois paro e desço. Então mudo a ordem, faço isso outras três vezes. O barulho da tevê chiando, a fala meia-boca do ator, cães latindo lá fora, a água vazando na torneira e o coração dela dando pra sentir com a palma da mão.
[Intervalo comercial]
Quando vejo, já estou deitada por cima dela. A gente se beija. Enfio a língua dentro da boca dela e enfio até o máximo que ela pode ir. Ela me chupa. Roço meu corpo no corpo dela enquanto lambo seu pescoço. Ela respira mais forte. Entro no meio dela, saio querendo descobri todas as tatuagens dela. Borboletas, caveiras, corações.
– Gueixas, também tenho gueixas. – Ela acrescenta.
Puxo seu cabelo devagar. Depois com mais força e ela me aperta. Enfio o dedo indicador dentro de sua boca e ela abre ainda mais as pernas. Dou a ordem que ela fique por cima de mim. Ela obedece. Arranco sua blusa, abaixo a alça do sutiã, passo as mãos entre os seios apertando-os com muita força enquanto ela se contorce. Quando estou abrindo o botão do short (que mais parecia um cinto de tão pequeno que era), ela segura e tenta me dá um banho de água fria dizendo que está menstruada. Falo que quero mesmo assim, quero provar mesmo com sangue e ela faz sinal de não com a cabeça. Quanto mais negava era ai que eu queria. Puxo, ela segura. Puxo de novo, ela segura novamente. Então torno a passar a mão entre as pernas e ela fecha os olhos e sorri.
Toca o telefone, ela faz que vai atender, eu lambo seus pelos. O telefone não para de tocar e ela diz que precisa atender e eu acordo. “Era apenas um sonho”, suspiro. Desligo o alarme e volto a dormir.
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Frida Costa que na verdade se chama Neziane, é baiana, leonina, ateia, gay e filósofa nas horas vagas. Apelidada de Frida por ser revolucionária e sem papas-na-língua, abraçou com todas as forças e assumiu isso como sua identidade. Questionadora, persuasiva, adora uma polêmica. Gosta de música dos anos 70, 80, Caio Fernando Abreu, séries investigativas, tatuagem e tudo aquilo que vive á margem da sociedade. “Sou meio marginal alada”, diz.