Dizem que viver é uma arte, mas para o artista ganês Joseph Ashong, morrer é que é. Mais conhecido como Paa Joe, do grupo étnico Ga-Adangbe, ele é um dos artistas contemporâneos mais exóticos da atualidade. Sua especialidade: caixões. Desses de defunto mesmo!
As suas obras são diversificadas e vão desde os modelos “mais básicos” até o “Top-death” das procissões fúnebres. Mas se você pensa que isso é piada, não é não, a coisa é séria. O artista cria caixões que refletem todo o histórico do falecido, desde a personalidade, a ocupação ou status social e todas as preferências dos defuntos.

Mas não é de hoje que Joe descobriu essa estranha e fúnebre vocação. Desde os 16 anos que ele faz lindos caixões que representam a personalidade daqueles que já foram desta para melhor. Para um vendedor de rua, sua residência eterna foi uma lata de Coca-Cola e para um chefe de família, um leão.
Joe começou muito jovem a desenvolver seu gosto e habilidade para a escultura em madeira. Foi com apenas 15 anos de idade, que Paa Joe iniciou seus trabalhos como escultor, permanecendo por 10 anos junto do artista Kane Kwei (1924–1992) em Teshie. Em 1976, Joe formou centenas de jovens artistas como Daniel Mensah (Hello), Eric Kpakpo ou Kudjoe Affutu, que mais tarde viriam a tornar-se bastante bem sucedidos no mundo da arte.





Paa Joe já produziu milhares de caixões, dos quais nós nunca teremos a oportunidade de ver, pois, em sua grande maioria, já estão à sete palmos da terra. Mas sua obra permanece tão admirada em Gana quanto em outros lugares do mundo, como na Inglaterra, onde já expôs algumas duzias deles.
Recentemente, o artista foi convidado para ser objeto de um documentário assinado por Benjamin Wigley, que retratará a obra e a vida do escultor de caixões.
Hoje, ele possui um armazém onde esculpe sua arte – caixões que além de serem vendidos para defuntos de verdade – há ainda outros tantos usados como exemplos da cultura ‘Ga’ que virarão peças de exposição.

E você, já sabe qual seria a morada que retrataria melhor a sua jornada? De repente valerá a pena pensar no assunto, nem que seja como fonte de autoconhecimento.
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